Introdução
Manuel Côrte-Real
Presidente do Instituto Diplomático
Setembro 2000
A pouco e pouco se vai tornando conhecida a acção dos diplomatas portugueses que, desempenhando funções em países europeus durante a II Guerra Mundial, tomaram medidas para salvar a vida de milhares de refugiados judeus perseguidos e ameaçados de prisão e morte.
A concessão do visto para entrada em Portugal, onde poderiam embarcar com destino ao continente americano, era a única solução que anteviam para poupar as suas vidas. Com muitos ou poucos haveres, a situação de desespero a todos igualava e Portugal tornava-se no país que os poderia conduzir à salvação.
Contrariando ordens do Governo português ou ampliando os critérios rígidos de selecção impostos para a concessão de vistos, os diplomatas portugueses evocados nesta exposição agiram consoante os seus imperativos de consciência e a generosidade dos seus caracteres. Todavia se a acção de alguns diplomatas – como é o caso paradigmático de Aristides de Sousa Mendes – é bem conhecida e está amplamente documentada, assim como a de Sampaio Garrido e a de Teixeira Branquinho, outros haverá que tomaram medidas semelhantes mas de forma tão discreta que ainda não foram singularizados.
A massa documental respeitante a esta matéria que se encontra no Arquivo Histórico-Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros tem sido criteriosamente estudada mas há ainda muitíssimos documentos que não foram por enquanto examinados e que necessitam sê-lo e quando o forem revelarão certamente surpresas.
Os documentos que constituem esta exposição são, no entanto, prova suficiente de que alguns diplomatas portugueses, num momento de crise sem paralelo na história recente, souberam agir com verdadeiro sentido de profissionalismo e de humanidade.
Gostaria ainda de agradecer à Dra. Isabel Fevereiro, Directora do Arquivo Histórico-Diplomático, e à Dra. Manuela Franco a competência, dedicação e interesse sem par que dedicaram à organização e montagem desta exposição à qual auguro o maior sucesso.